46º CBPP: A Necessidade de Habilidades Humanas em um Mundo Dominado pela Tecnologia

A Necessidade de Habilidades Humanas em um Mundo Dominado pela Tecnologia

Você já parou para pensar sobre o futuro? Mais do que isso, é essencial saber reconhecer os sinais que indicam como será o amanhã, pois essa habilidade pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso. Ninguém aborda esse assunto com tanto conhecimento quanto Martha Gabriel, uma especialista reconhecida cuja trajetória acadêmica impressiona.

Autora dos best sellers “Liderando o Futuro”, “Inteligência Artificial – do Zero a Superpoderes” e “Você, Eu e os Robôs”, Martha possui uma vasta formação. Ela é engenheira pela Unicamp, possui um mestrado e um PhD em Artes, além de uma formação executiva pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). No primeiro dia do 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), ela apresentou a palestra magna intitulada “Ponto de Partida – Nada Mais Como Antes”, e os 50 minutos de sua exposição passaram voando.

Em um tom descontraído, Martha comentou que todos estão percebendo as mudanças significativas ao nosso redor, algo que acontece “sete vezes ao dia”, segundo ela. O ritmo frenético da inovação exige não apenas a percepção das transformações, mas também a capacidade de entendê-las. “Quem sabe as regras do jogo está se tornando bilionário. A humanidade teve 99% da sua história sem mudanças radicais. Contudo, nos últimos dez anos, a dinâmica de transformações tem sido diária, e precisamos desenvolver novas habilidades para prever os próximos passos”, destacou Martha para um auditório repleto de pessoas.

Mas quem está à frente dessas transformações? A resposta é clara: a Inteligência Artificial. Este elemento se tornou o motor propulsor de todas as tecnologias emergentes atualmente. Segundo Martha, não devemos nos preocupar em sermos bons em tarefas que a tecnologia pode executar. “Devemos focar no que a tecnologia não pode fazer”, enfatiza a especialista. Mas como, então, podemos nos posicionar nesse novo cenário? “É fundamental ter os pés no presente e a mente nas tendências futuras. Olhar para o amanhã é um ato de resistência ao curto-prazismo, que eu chamo de ‘o capeta’”, disse ela em tom de brincadeira.

Com seu característico senso de humor, Martha expressou dúvidas em relação àqueles que têm certezas absolutas. Ela alertou o público sobre a importância de não tentar agir rapidamente sem uma direção definida. “Um sinal claro de mudança é quando recebemos notícias que provocam um frio na barriga”, comentou.

Historicamente, notícias que sinalizam mudanças significativas não faltam. Martha lembrou do surgimento do primeiro chatbot de Inteligência Artificial, o Eliza, em 1966, que simulava interações entre um paciente e um psicólogo, utilizando regras básicas de linguagem. Esse sistema básico reconhecia palavras-chave nas falas dos usuários e respondia com respostas genéricas, reformulando o que era dito.

Atualmente, os sinais de transformações profundas são abundantes. Um exemplo é a Albânia, que está considerando substituir seu governo por um sistema de Inteligência Artificial com o objetivo de combater a corrupção de forma mais eficaz – embora ainda sejam apenas ideias no papel, é um movimento que merece atenção.

Outro exemplo marcante ocorreu em janeiro de 2020, com a criação do primeiro “robô vivo”, uma fusão de células humanas e tecnologia, destinado à limpeza dos oceanos. Além disso, há a Ayayi, uma personagem digital chinesa desenvolvida pela RM Inc. (Ranmai Technology), que é considerada a primeira “meta-humana” da China, apresentando um visual e expressões quase indistinguíveis de uma pessoa real.

A evolução do mundo requer uma convivência harmônica entre humanos e tecnologia. As relações de trabalho não estão isentas desse panorama, nem tampouco o sistema previdenciário. Martha prevê que a reconfiguração do trabalho irá redefinir a previdência. Assim, o futuro estará alinhado com a longevidade e a saúde, acompanhando o aumento da expectativa de vida média e a crescente demanda por planos voltados ao bem-estar e ao envelhecimento ativo, além da integração de indicadores de saúde e estilo de vida nas avaliações atuariais.

Nas suas previsões, a demanda por fundos de impacto e carteiras verdes deve crescer, com a avaliação de investimentos cada vez mais pautada por critérios de governança e ética social. A pressão por transparência ambiental e social aumentará. Na previdência do futuro, o tradicional “cofre” de aposentadoria poderá ser substituído por uma plataforma inteligente que promova o bem-estar financeiro e uma vida ativa e saudável.

Finalizando sua apresentação com um toque de leveza, Martha disse: “Se você não morrer em 10 anos, provavelmente viverá por muito mais tempo”.

O 46º CBPP é uma iniciativa da Abrapp, em parceria com a UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. O evento conta com o patrocínio de diversas instituições financeiras, refletindo o compromisso do setor com a inovação e a evolução das práticas previdenciárias.