Desempenho Econômico e Desafios do Setor Imobiliário
A economia da China demonstrou resiliência, apoiada por exportações robustas e investimentos contínuos em novas fábricas, apesar da redução nas vendas do varejo e da deterioração do mercado imobiliário. Durante o verão, o crescimento econômico do país permaneceu estável, com uma expansão de 1,1% no terceiro trimestre em comparação ao trimestre anterior, conforme divulgado pelo Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) da China na última segunda-feira. Se essa tendência persistir, a economia pode crescer cerca de 4,1% nos próximos doze meses.
Nos últimos anos, a acentuada queda no setor imobiliário resultou em consideráveis perdas nas economias das famílias chinesas, levando muitos consumidores a restringirem seus gastos. Em resposta, o governo central tem promovido subsídios para estimular a compra de bens de consumo, como smartphones, carros elétricos e eletrodomésticos, incentivando a produção interna.
No entanto, a implementação desses subsídios enfrenta desafios, já que alguns governos locais, que compartilham o custo das iniciativas, começaram a reduzir seus investimentos. Além disso, os preços dos imóveis despencaram em até 40% em várias cidades, um impacto que teve efeito cascata sobre construtoras e incorporadoras.
Perspectivas e Investimentos em Exportação
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A contração no setor imobiliário, que antes representava um quarto da economia chinesa, continuou a se aprofundar no terceiro trimestre, refletindo um mercado consumista ainda frágil. As vendas no varejo de bens de consumo, embora apresentassem um leve aumento de 3% em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior, mostraram-se o menor crescimento desde novembro, quando os números também foram modestos.
Os investimentos em novas fábricas têm compensado em parte essa fraqueza no consumo, mas o governo está atento ao excesso de capacidade produtiva e à intensa competição no setor manufatureiro. As políticas voltadas para exportação e a substituição de importações por produtos locais continuam a ser pilares importantes para o crescimento econômico. O superávit na balança comercial de mercadorias aumentou 12,4% nos últimos três meses em comparação ao mesmo período do ano passado, e o país está a caminho de registrar um superávit comercial superior a US$ 1 trilhão neste ano.
Embora as exportações para os Estados Unidos tenham sofrido com as tarifas implementadas anteriormente, as vendas para mercados em desenvolvimento têm crescido consideravelmente. Além disso, uma parte das exportações destinadas a outros países acaba sendo redirecionada para os EUA, enquanto outras são utilizadas para financiar investimentos em fábricas e energia renovável em mercados emergentes.
Expectativas para Ação Governamental e Futuras Medidas
Recentemente, um número crescente de países, incluindo Brasil, Turquia e Indonésia, começou a adotar tarifas sobre produtos chineses, seguindo o exemplo dos Estados Unidos. Os dados de crescimento divulgados pelo DNE superaram ligeiramente as expectativas de muitos economistas, em parte devido a uma revisão para baixo do crescimento do trimestre anterior.
O DNE, em um comunicado otimista, ressaltou que a economia apresentou forte resiliência e vitalidade no terceiro trimestre, com uma expansão de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, analistas têm questionado a precisão desses dados, sugerindo que podem superestimar o desempenho econômico real.
A divulgação dos números ocorreu sem a habitual coletiva de imprensa, possivelmente para evitar que a atenção se desviasse para a reunião anual do Comitê Central do Partido Comunista, onde são discutidas políticas e diretrizes para os próximos cinco anos.
Espera-se que o comitê revele novas medidas para enfrentar a fraqueza econômica, com economistas prevendo iniciativas que favoreçam o aumento do consumo, como reajustes nas pensões para idosos rurais, que atualmente são baixas, em torno de US$ 20 mensais.
Enquanto isso, a liderança da China poderá priorizar investimentos em infraestrutura, incluindo rodovias e ferrovias, que são tradicionalmente uma alavanca para o crescimento econômico. Contudo, muitos governos locais enfrentam dificuldades financeiras, uma vez que suas receitas provenientes da venda de terrenos encolheram devido à crise imobiliária.
Por outro lado, o governo central possui uma capacidade significativa para financiar grandes projetos, especialmente em regiões menos desenvolvidas, e deverá continuar sua estratégia de investimento em infraestrutura.
Dan Wang, economista do Eurasia Group, observa que a responsabilidade pela manutenção da infraestrutura está caindo sobre os governos locais, enquanto a construção de novas obras é gerida pelo governo central. O cenário econômico, portanto, continua a ser desafiador, com a necessidade urgente de medidas que revitalizem o consumo e garantam um crescimento sustentável.